Mesmo em meio a uma pandemia persistente e uma crise econômica-geopolítica global, as startups brasileiras acabam de bater um novo recorde de investimento. No último mês, foram US$ 763 milhões aportados ao longo de 40 rodadas nas empresas de tecnologia brasileiras – é o que mostra o mais recente Inside Venture Capital, produzido pela plataforma de inovação aberta e transformação digital Distrito com Bexs Banco. O valor é 129% maior que o mesmo mês de 2021 e eleva o total de 2022 para US$ 1,36 bilhão.

O setor de fintech segue liderando os investimentos brasileiros, sendo responsável por US$ 567 milhões do total de fevereiro. Grande parte veio da Neon, que levantou US$ 300 milhões em rodada que a tornou unicórnio. Na sequência, aparecem as HRTechs (com US$ 102 milhões), real estate (US$ 25,9 milhões), retailtechs (US$ 17,2 milhões) e martechs (US$ 14,7 milhões). 

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A pandemia acelerou a mudança nos hábitos de consumo, exigindo que as empresas sejam ainda mais ágeis, com isso o ecossistema de inovação brasileiro nunca teve tamanho impulso no mercado – mas todo esse cenário exige uma resposta urgente, principalmente diante de uma corrida frenética por tecnologia em todo planeta: Como criar um ambiente regulatório para promover segurança jurídica para todos esses novos modelos de negócios de risco exponencial? 

Enquanto algumas startups – na maioria os unicórnios, recebem grandes rodadas de investimentos, outros empreendedores captam bem menos. O fato é que o atual ambiente de negócios nacional não auxilia as startups em fases iniciais como a criação de incentivos tributários para promover o investimento-anjo, a inclusão de sociedades anônimas no regime do Simples e a criação de um regulamento para incentivar as stock options. 

Além disso, o cenário incentiva a fuga de nossos talentos para outros países. No ranking dos que mais mantêm profissionais qualificados, o Brasil despencou 25 posições de 2019 para 2020: passou da posição 45 para a 70. Quando se olha a lista das nações que mais atraem talentos, o país também caiu bastante em quatro anos: perdeu 28 posições.

É preciso garantir um ambiente regulatório sustentável para que as startups menos maduras consigam ganhar escala, gerando mais empregos e movimentando a economia nacional. Se batemos tantos recordes de investimento mesmo com um ambiente regulatório complexo, imagine o que poderíamos fazer se tivéssemos uma regulação que realmente incentivasse a inovação por aqui.

Precisamos criar regras mais justas e inclusivas para o segmento para atingirmos nosso maior potencial. O Brasil é um país extremamente criativo, com universidades de ponta e com alto potencial empreendedor, como os próprios números demonstram. É necessária a atuação conjunta de diversos atores e setores, incluindo público e privado.

Este ano é ano eleitoral, devemos acompanhar todas as propostas de políticas públicas para startups de cada candidato para que as nossas decisões não impactem negativamente o futuro do nosso país. As startups terão um papel protagonista na retomada da economia global e nós não temos tempo a perder.