Diversidade, Equidade e Inclusão são temas em alta no momento. Empresas de todo o país se movimentam para entender o que é preciso fazer: diagnósticos, treinamentos, planos estratégicos, metas, ações afirmativas. As áreas de Comunicação e Compliance andam preocupadas em como proteger a reputação e a marca das organizações. Afinal, vivemos em um tempo em que não é mais bem-vinda a presença homogênea de determinados grupos em posições de poder, assim como posicionamentos que reforcem esta estrutura.
Neste universo, encontram-se as Startups e o Ecossistema de Inovação. Dados que mostram a abissal ausência de Diversidades nestes ambientes – ou seja, de qualquer perfil que não seja cisgênero, masculino, heterossexual e branco – são cada vez mais destacados na mídia. Tanto em termos de empregabilidade, quanto de fundação, liderança e destino de investimentos, as Diversidades permanecem na base da pirâmide.
Em contrapartida, dados que mostram os impactos positivos da presença das Diversidades nas organizações também não faltam.
O clássico estudo da McKinsey, “A importância da Diversidade”, estabelece através de uma profunda análise que as empresas com maior Diversidade de Gênero são 15% mais propensas a terem performance superior, e as que têm maior Diversidade Étnico-Racial são 35% mais propensas a terem performance superior. Em 2019, a Harvard Business Review publicou um estudo evidenciando que as mulheres são líderes de mais iniciativa, maior resiliência e orientação a resultados. Já no período pós-pandemia, a revista voltou a reforçar tal constatação também em períodos de crise.
Diversidades nas Startups
Ainda assim, no Brasil – país com 52% de mulheres – somente 17% das pessoas fundadoras de Startups são mulheres, de acordo com a Associação Brasileira de Startups (ABSTARTUPS). A Distrito, através do Female Founders 2021, complementa que apenas 4,7% destes negócios são exclusivamente fundados por elas.
O Brasil também é um país de maioria negra: 56% de sua população se autodeclara preta e parda. Ainda assim, este grupo representa apenas 25% das pessoas fundadoras de startups. E cerca de 31% do público pesquisado respondeu para a ABSTARTUPS que as startups onde trabalham possuem ausência absoluta de pessoas negras.
Diante de uma sociedade ávida por números menos excludentes, iniciativas por parte da esfera privada, visando mudar este cenário, têm ganhado cada vez mais força. Além disso, a ascensão dos critérios ESG (Ambientais, Sociais e de Governança) tem levado muitos fundos de investimento a acrescentarem o critério da presença da Diversidade como relevante, senão mandatório, para o aporte de recursos.
Mas o poder da esfera privada isolada ainda é insuficiente para o tamanho do desafio. Primeiramente, por não ser capaz de implementar sozinha as mudanças necessárias na velocidade necessária. E em segundo lugar, por não conseguir gerar o devido impacto em escala estrutural e nacional.
Para isso, para de fato dar conta deste desafio, se faz imprescindível a participação ativa da esfera pública. Através de seus agentes e de suas políticas, ela massifica, amplifica e acelera a transformação que precisamos e queremos.
Práticas nacionais (municipais, estaduais e federais) e internacionais, como do Canadá, Reino Unido, Finlândia e Israel (conheça mais no nosso Mapeamento), alavancam a participação de mulheres e de pessoas negras, dentre outros grupos minorizados, no Empreendedorismo e na Inovação. Este esforço os impulsiona de várias formas: inserindo-os nos círculos de investidores e decisores, compartilhando conhecimentos e técnicas diferenciadoras, provendo investimentos específicos e priorizadores.
Moldando o Presente e o Futuro
É justamente no centro desta articulação, entre a sociedade, o mercado e os agentes públicos, que opera o Dínamo. É no reconhecimento da importância essencial e determinante do Estado na mudança da estrutura dos negócios que este Think Tank dialoga e advoga por Políticas Públicas de alavancamento das Diversidades nas Startups.
Para além de comparar a força da esfera pública e da esfera privada, ou de tentar definir qual delas é a mais importante, é precisamente no encontro das duas que reside a maior potência de impulsionamento das Diversidades nas Startups.
A partir de uma visão mais ampla, ousada e de longo prazo, se faz urgente que pensemos em como desenvolver e implementar mais estratégias que, contando a força do poder público, reestruturem o poder privado. A começar por este lugar que é tão central e decisivo para o crescimento e o futuro de um país: o do Empreendedorismo, da Inovação e das Startups.
Então. Vamos juntes?