Luciana é comunicadora e atua há mais de 17 anos com Design de Produtos Digitais com foco em User Experience. É entusiasta de negócios sociais e do ecossistema de startups.
Vamos ver o que ela tem a dizer?
- Dínamo: O que é inovação para você? (O seu conceito de inovação, aquele que você mais usa, mais acredita ou vivencia na prática):
Luciana: A inovação é normalmente associada à criação de algo totalmente novo, muitas vezes disruptivo, com a capacidade de descontinuar um mercado existente e criar um segmento de negócio sucessor. Mas pra mim, inovar é criar um novo caminho, uma nova solução para um problema. Seja ele relacionado ao produto, à gestão, ao processo em si. Eu acredito na inovação para além da tecnologia.
- Dínamo: O que um negócio que é – ou pretende ser – inovador ganha ao contratar mulheres para compor e liderar suas equipes?
Luciana: Uma empresa com maior representatividade feminina tem maiores chances de se destacar no mercado, de obter melhores resultados. Consegue, por exemplo, ampliar a visão sobre o mercado consumidor. Afinal de contas, o poder de compra não está só nas mãos dos homens. Mulheres influenciam nas decisões de compra, seja direta ou indiretamente.
Além disso, a empresa ganha um olhar mais organizado, analítico, empático e sensível. Só vejo vantagens. 😉
- Dínamo: Os desafios são vários e ainda há muito o que ser transformado, mas na sua perspectiva, o que mais te incomoda na situação das mulheres no universo da inovação tecnológica hoje em dia?
Luciana: Basicamente 3 coisas me incomodam mais:
- A crença de que a mulher é o sexo frágil é, no mínimo, limitante. Este conceito é enganoso e as mulheres podem ser o que quiserem ser.
- Há também uma ideia equivocada de que não possuímos raciocínio lógico, estruturado, que somos mais emocionais. Uma grande falácia. As meninas, assim como os meninos, precisam de estímulo desde a infância para que obtenham o máximo de proveito cognitivo. As brincadeiras infantis sempre priorizaram os afazeres domésticos para as meninas e os jogos, as construções para os meninos. Mas vejo uma mudança positiva neste cenário. O brincar está cada vez mais democrático e me empolgo em pensar no potencial das gerações futuras.
- O despertar das empresas para a equidade de gênero ainda é tímido. A conta é simples. Se você tem mais homens do que mulheres em posições de liderança, aumentam as restrições para o crescimento das mulheres no ambiente de trabalho. Precisamos romper esse padrão.
- Dínamo: E o que poderia ser feito para mudar esta realidade?
Luciana: Pra começar, educação de base que estimule a visão empreendedora e tecnológica feminina. Precisamos de mais e mais mulheres em posições de liderança para começar a ver as transformações acontecendo.
É importante também termos políticas públicas de incentivo para empresas/negócios liderados por mulheres. E que também resolvam problemas femininos. Ex: a marca Pantys que trouxe solução tecnológica, sensível, inclusiva e ambientalmente correta para melhorar a saúde das mulheres e do planeta.
Também precisamos de cada vez mais exemplos de mulheres protagonistas de suas carreiras.
E que não nos tirem o direito de sonhar.
- Dínamo: Qual mulher te inspira no ambiente de inovação tecnológica brasileiro? (suas ídolas/ heroínas ou referências)
Luciana: Muitas mulheres inspiradoras, mas destaco Samantha Almeida, Maria Rita Spina Bueno e Ana Fontes.
- Dínamo: Aponte uma tendência em inovação tecnológica para os leitores prestarem atenção em 2022?
Luciana: Acho que saúde mental, sobrecarga mental, são grandes temas para 2022, 2023 …2050. A pandemia tornou esse tema ainda mais urgente, produtos que conversem com essa temática merecem destaque.
- Dínamo: O que você deseja para 2022?
Luciana: Em um ano de eleições, desejo que possamos responder democraticamente, com votos conscientes por um país melhor. E que as Fake News possam ser combatidas e não tenham influência nas urnas.
- Dínamo: O que você vai fazer quando a pandemia acabar? (será que ela acaba?)
Luciana: Eu sonho que ela acabe, mantenho a esperança de viver sem máscaras e sem medo das sequelas, do que está por vir. Eu quero apresentar o mundo pra minha filha Clara, quero que ela tenha uma infância normal, sem as limitações que a pandemia nos causou.
- Dínamo: Que filme/ livro/ série você curtiu nos últimos tempos ou que te marcou e você gostaria de indicar? (Comente um pouco para o leitor ter um pouco de contexto)
Um livro fundamental: O feminismo é para todo mundo, da Bell Hooks.
Luciana, agradecemos pela conversa inspiradora. Que este seja apenas o começo de uma grande transformação em relação a inclusão corporativa, equidade de gênero e diversidade.
